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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Educação Emancipadora x EAD

Disciplina: METODOLOGIA EM EDUCAÇÃO ABERTA E À DISTÂNCIA (EAD)
Aldemir Garcia, Aloisio Carlos da Silva, Ana Maria Bosi, Emília Barbarioli Gonçalves, Glaycon Araújo, Janete Suely Silva, Martanézia Paganini e Rosani Siqueira

O Mestre Ignorante

Joseph Jacotot e a Educação Emancipadora
Jacotot foi um grande pedagogo francês do início do séc.XIX. Sua história foi contada por Jacques Rancière em seu livro O mestre ignorante, que o retrata com muita propriedade e se refere a ele como um “extravagante” pedagogo, com suas proposições decerto mais instrutivas que as racionais para a época.
Numa de suas colocações ele afirma que os partidários da proposição da igualdade não têm que instruir o povo, buscando aproximá-lo da igualdade, eles têm que emancipá-lo. Afinal, trata-se de uma questão puramente filosófica, saber se a instrução vinda do outro é uma forma de levar à igualdade ou à desigualdade.
Num outro momento ele afirma que as sociedades nessa época admitiam claramente a divisão de classes e as desigualdades. Ainda assim a classe alta se intitula como sociedade homogênea e a escola fica teoricamente encarregada de anular essas desigualdades.
Jacotot era um leitor da literatura francesa e foi convidado a ensinar suas lições a alunos, onde muitos não entendiam o francês. Aceitando o convite optou por improvisar algumas técnicas na tentativa de superar as dificuldades da língua e viu, para seu espanto que os resultados superaram suas expectativas, quando seus alunos, privados de qualquer explicação acerca do livro que deveriam ler e que inclusive não sabiam o idioma, apresentaram resultados maravilhosos.
A partir desta experiência bem sucedida concluiu que a tarefa do mestre não é a de transmitir seus conhecimentos, como ele mesmo pensava até então, não é explicar e reduzir os conteúdos a elementos bem simples, mas deixar que descubram por si e efetivamente construam seu conhecimento. O nosso sistema tradicional de ensino requer muitas explanações. Há que ter uma explicação para que eles entendam o que já está explicado nos livros. Pensava ele que ninguém garante que as explicações dadas pelo professor serão as mesmas entendidas pelos alunos. Mas “por que teria o livro necessidade de tal assistência”? (p.21). Seria mais fácil compreender o raciocínio de quem quer ensiná-lo a raciocinar do que raciocinar sozinho sobre o que lê? Que relação é esta entre o poder da palavra e das letras e a palavra do mestre? Por acaso não aprendem as crianças o que nenhum mestre pode lhes explicar, a língua materna? Desde cedo não se fala com eles e em torno deles? Também eles não ouvem, repetem, erram e acertam e continuam com o processo até aprender, imitando, tomando o outro como exemplo, sem precisar de explicadores?
Assim Jacotot concluiu que precisava reverter esse sistema. Na prática ele dizia que não precisamos saber tudo, mas cada um precisa aprender alguma coisa, qualquer coisa e assim associar isso com todo o resto. Ele cria um método chamado emancipador, partindo da premissa de que mesmo quem é ignorante em qualquer assunto pode aprender sozinho não necessitando de nenhum mestre para lhe decifrar o que está contido nos livros, onde tenha que buscar sua aprendizagem fazendo uso de sua inteligência apenas, sem ficar dependendo de um explicador. Qualquer indivíduo que nada entenda que química pode ensiná-la para os outros, bastando que para isso, vá em busca de aprender primeiro.
Jacotot defende que este método deveria ser usado especialmente com a população mais pobre, que sofre com os preconceitos. Entretanto, afirma ele, para emancipar alguém é preciso antes, emancipar a si mesmo.

Referência
Rancière, Jacques – O mestre ignorante – cinco lições sobre a emancipação intelectual – tradução de Lílian do Valle, 3 ed. – Belo Horizonte; Autêntica, 2010

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